Sociedade

"Investigação foi destruída e vai ter consequências na confiança dos portugueses", alega líder da organização da Transparência e Integridade

"Investigação foi destruída e vai ter consequências na confiança dos portugueses", alega líder da organização da Transparência e Integridade
MARIO CRUZ / POOL

Susana Coroado advoga que a confiança dos portugueses na justiça tem estado abaixo da média europeia e casos como o da Operação Marquês podem ter um impacto preocupante na democracia

A decisão instrutória da “Operação Marquês” foi “demolidora” e “destruiu completamente” a investigação, algo que, segundo Susana Coroado, vai ter consequências. “É inevitável que esta decisão vá ter consequências na forma como a investigação de casos de corrupção vai ser feita no futuro em Portugal”, disse à Lusa a presidente da Transparência e Integridade.

Comentando a decisão instrutória lida hoje pelo juiz Ivo Rosa, Susana Coroado lembrou que o caso ainda não está encerrado e que irá agora para o Tribunal da Relação. Esta sexta-feira, o juiz de instrução criminal Ivo Rosa decidiu mandar para julgamento o ex-primeiro ministro, José Sócrates, o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva, o ex-ministro Armando Vara, o banqueiro Ricardo Salgado, todos por crimes económicos e financeiros, mas deixou cair as acusações de corrupção e fraude fiscal.

Dos 28 arguidos, Ivo Rosa pronunciou apenas cinco e ilibou, entre outros, os ex-líderes da PT Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, o empresário Helder Bataglia e o ex-administrador do Grupo Lena Joaquim Barroca, que estava indiciado por 21 crimes.

Dos 189 crimes que constavam na acusação, num processo que começou a ser investigado em 2013, só 17 vão a julgamento, mas o procurador Rosário Teixeira, responsável pelo inquérito, anunciou ir apresentar recurso da decisão para o Tribunal da Relação de Lisboa.

“Depois disto vai ter que se decidir o que se quer que seja uma investigação de casos de corrupção e o que constitui prova”, defendeu Susana Coroado, acrescentando que “a decisão da Relação vai ter de marcar a investigação futura”.

A responsável da Transparência e Integridade, uma organização que promove a transparência para reforçar a prevenção e combate à corrupção, alertou ainda, nas declarações à Lusa, que a confiança dos portugueses na justiça tem estado abaixo da média europeia e que casos como este podem ter um impacto, “e isso é preocupante”.

“A democracia vive da confiança dos cidadãos nas instituições”, salientou, acrescentando que se os cidadãos perdem essa confiança ou não compreendem as decisões “perdem a confiança na justiça e na democracia”, acrescenta Susana Coroado

Em comunicado, a organização da Transparência e Integridade diz também que a decisão instrutória foi “uma violenta crítica ao trabalho de investigação do Ministério Público e do juiz de instrução, Carlos Alexandre”. Apesar de o processo não estar concluído as pessoas questionam se o Ministério Público e Carlos Alexandre são incompetentes ou se Ivo Rosa está a julgar mal, refere o documento.

Na Transparência e Integridade “há muito que sabemos que a formulação da prova nos crimes de corrupção e infrações conexas é sempre muito difícil. E por isso defendemos que a melhor forma de combater a corrupção é preveni-la, reforçando ao mesmo tempo os mecanismos de proteção de denunciantes”, sustenta a organização.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários

Subscreva e junte-se ao novo fórum de comentários

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas