
O Índice de Percepção da Corrupção (CPI) é a mais antiga e abrangente ferramenta de medição da corrupção no mundo, analisando os níveis de corrupção no setor público de 180 países e territórios, pontuando-os de 0 (percecionado como muito corrupto) a 100 (muito transparente).
Desde a criação, em 1995, o CPI é o indicador de corrupção mais utilizado em todo o mundo, pontuando 180 países e territórios a partir da perceção de especialistas e executivos de negócios sobre os níveis de corrupção no setor público.
É um índice composto, ou seja, resulta da combinação de fontes de análise de corrupção desenvolvidas por um conjunto de organizações independentes de referência, que permite classificar de 0 (percecionado como muito corrupto) a 100 (muito transparente).
Em 2012, a Transparency International reviu a metodologia usada para construir o índice, de forma a permitir a comparação das pontuações de um ano para o seguinte.
A corrupção compreende habitualmente atividades ilegais, que são deliberadamente ocultadas e só vêm à tona através de escândalos, investigações ou processos judiciais. Embora o trabalho de investigação desenvolvido pela Academia, ONGs anti-corrupção e Governos tenha traduzido ganhos significativos em termos de medição objetiva da corrupção em setores específicos, até ao momento não há nenhum indicador que consiga medir a corrupção a nível nacional de forma objetiva, direta e exaustiva.
E é por isso que o CPI se baseia nas opiniões informadas de stakeholders relevantes sobre corrupção no setor público, geralmente correlacionadas com indicadores objetivos, por exemplo as experiências individuais dos cidadãos com o suborno, tal como é capturado pelo Global Corruption Barometer, também desenvolvido pela Transparency International.
Não. Além de estar restrito a 180 países, o CPI é um indicador da perceção da corrupção no setor público, ou seja, a corrupção administrativa e política. Não mede os níveis de corrupção de nações ou sociedades inteiras, ou das suas políticas, ou das atividades do setor privado.
O CPI de 2020 foi construído com base em 13 fontes de informação de 12 instituições independentes especializadas em governança e análise do clima de negócios publicadas nos últimos dois anos.
O valor do CPI está no facto de conseguir captar as diferentes e diversas manifestações da corrupção no setor público num único indicador.
Fontes utilizadas para o CPI2020:
- African Development Bank Country Policy and Institutional Assessment 2018
- Bertelsmann Stiftung Sustainable Governance Indicators 2020
- Bertelsmann Stiftung Transformation Index 2020
- Economist Intelligence Unit Country Risk Service 2020
- Freedom House Nations in Transit 2020
- Global Insight Country Risk Ratings 2019
- IMD World Competitiveness Center World Competitiveness Yearbook Executive Opinion Survey2020
- Political and Economic Risk Consultancy Asian Intelligence 2020
- The PRS Group International Country Risk Guide 2020
- World Bank Country Policy and Institutional Assessment 2019
- World Economic Forum Executive OpinionSurvey 2019
- World Justice Project Rule of Law Index Expert Survey2020
- Varieties of Democracy (V-Demv. 10) 2020
Para que possa ser classificado, cada país/ território tem de estar igualmente listado em pelo menos 3 das fontes de informação utilizadas para compor o índice.
Pelo facto de não constar no índice não significa que um dado país esteja livre de corrupção; simplesmente não foi possível agregar os dados necessários para poder classificá-lo.
Dinamarca e Nova Zelândia encabeçam o índice deste ano, com 88 pontos. Síria, Somália e Sudão do Sul figuram em último lugar, com 14, 12 e 12 pontos, respectivamente.
Desde 2012, o primeiro ponto de comparação na actual metodologia do CPI, 26 países melhoraram significativamente a sua pontuação, incluindo Equador (39), Grécia (50), Guiana (41), Mianmar (28) e Coreia do Sul (61). Vinte e dois países reduziram significativamente as suas pontuações, incluindo Bósnia e Herzegovina (35), Guatemala (25), Líbano (25), Malawi (30), Malta (53) e Polónia (56).
Quase metade dos países estagnaram no índice durante quase uma década, o que indica uma estagnação dos esforços governamentais para combater as causas profundas da corrupção. Mais de dois terços têm uma pontuação inferior a 50.

Portugal desceu três lugares no Índice de Perceção da Corrupção (CPI) de 2020, publicado pela Transparency International.
Com 61 pontos, a pontuação mais baixa de sempre, o país está agora na 33.ª posição, bastante abaixo dos valores médios da Europa ocidental e da União Europeia, fixados em 66 pontos.
Desde 2012 que Portugal regista variações anuais mínimas. A pesquisa da Transparency Internacional demonstra que os países menos preparados para lidar com crises, como a pandemia COVID-19, são aqueles que apresentam as pontuações mais baixas.




Na edição 2020 do Índice de Perceção da Corrupção, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa continua a demonstrar enormes debilidades, sendo claros os problemas de corrupção no setor público.
Dos nove países que constituem a CPLP, apenas Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste se posicionam acima do meio da tabela, com o Brasil na posição 94. E ainda que tenham registado melhoria, Angola e Guiné Bissau continuam entre os países mais corruptos, juntamente com Moçambique e a Guiné Equatorial, que este ano desceram ainda mais no ranking da Transparency International.
País | Posição em 2020 | Posição em 2019 | Pontuação em 2020 | Pontuação em 2019 |
Guiné Equatorial | 174 | 173 | 16 | 16 |
Guiné Bissau | 165 | 168 | 19 | 18 |
Moçambique | 149 | 146 | 25 | 26 |
Angola | 142 | 146 | 27 | 26 |
Brasil | 94 | 106 | 38 | 35 |
Timor Leste | 86 | 93 | 40 | 38 |
São Tomé e Príncipe | 63 | 64 | 47 | 46 |
Cabo Verde | 41 | 41 | 58 | 58 |
Portugal | 33 | 30 | 61 | 62 |

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