ÍNDICE DE PERCEÇÃO
DA CORRUPÇÃO 2024

O Índice de Perceção da Corrupção (CPI) foi criado pela Transparency International em 1995 e é, desde então, uma referência na análise do fenómeno da corrupção, a partir da perceção de especialistas e executivos de negócios sobre os níveis de corrupção no setor público.

É um índice composto, ou seja, resulta da combinação de fontes de análise de corrupção desenvolvidas por outras organizações independentes, e classifica de 0 (percecionado como muito corrupto) a 100 (muito transparente) 180 países e territórios.

Em 2012, a Transparency International reviu a metodologia usada para construir o índice, de forma a permitir a comparação das pontuações de um ano para o seguinte.

resultados de PORTUGAL

No Índice de Perceção da Corrupção 2024, publicado anualmente pela Transparency International, Portugal, que é avaliado no conjunto dos países da Europa Ocidental e União Europeia, obteve 57 pontos, fixando-se na 43ª posição em 180 países. O desempenho de Portugal foi um dos piores da Europa Ocidental, com uma queda de 4 pontos na pontuação e a perda de 9 posições no ranking global. Este é o pior resultado desde que o Índice começou a ser publicado em 2012 e reflete um declínio contínuo desde 2015.

A descida de Portugal foi impulsionada pela deterioração das avaliações de várias fontes utilizadas no cálculo deste Índice. O declínio foi particularmente impulsionado pela perceção de abuso de cargos públicos para benefícios privados e por fragilidades nos mecanismos de integridade pública para evitar esse abuso.

 Entre os principais fatores identificados, nessas fontes, salientamos:

  • A avaliação negativa da eficácia do combate à corrupção e do funcionamento das instituições públicas, configurando problemas de aplicação da lei.
  • Fragilidades na implementação de política anticorrupção e na supervisão do setor público, incluindo lacunas na prevenção de conflitos de interesse e na declaração de bens por políticos.
  • Avaliação negativa devido a nepotismo, favoritismo político e financiamento partidário pouco transparente.

 Portugal ficou ainda abaixo da média europeia no que respeita à perceção da integridade no setor público. Escândalos recentes, como por exemplo a “Operação Influencer”, foi apontada como um dos fatores que contribuíram para o aumento da perceção de corrupção nas ligações entre política e negócios.

 A queda de Portugal neste Índice reflete fragilidades persistentes na luta contra a corrupção e na transparência das instituições públicas. Apesar da criação de novos mecanismos legais, a perceção internacional indica que a implementação e fiscalização continuam aquém do necessário. Há falhas reconhecidas na implementação da estratégia anticorrupção do governo, bem como falta de recursos para monitorizar o executivo.

 Portugal tem agora o desafio de demonstrar progressos concretos na implementação de reformas, para evitar que a sua posição continue a deteriorar-se nos próximos anos e para recuperar a confiança internacional na integridade do seu setor público.

PONTUAÇÃO (0-100)
2024
57
2023
61
2022
62
2021
62
2020
61
2019
62
2018
64
2017
63
2016
62
2015
64
2014
63
2013
62
2012
63
“Os resultados do Índice de Perceção da Corrupção 2024 servem de alerta para o dano reputacional que Portugal está a sofrer por não ter uma ação eficaz na luta contra a corrupção. O pior resultado de sempre deve-se em primeiro lugar a uma componente cumulativa. Portugal tem identificados problemas estruturais que não vêm a ser corrigidos, com impacto e desgaste ao longo do tempo, revelando falta de compromisso político e baixa eficácia nas ações desenvolvidas. Existem também circunstâncias conjunturais, como a Operação Influencer, com impacto na percepção da integridade no setor publico, que contribuem para este resultado. O caminho para melhorar a reputação de Portugal no combate à corrupção é só um: assumir o compromisso efetivo e agir. A TI Portugal esteve, está e estará ao lado dos que querem efetivamente assumir esse compromisso.”
Margarida Mano
Presidente da TI Portugal
RESULTADOS GLOBAIS e regionais

O Índice de Perceção da Corrupção 2024 revelou uma tendência preocupante de estagnação e retrocesso global no combate à corrupção. A média global dos 180 países avaliados manteve-se baixa (43), com mais de dois terços dos países a registarem pontuações abaixo de 50 (numa escala de 0 a 100, onde 0 representa um nível extremamente elevado de corrupção percebida e 100 indica um setor público altamente íntegro). O ranking é liderado pela Dinamarca que atingiu uma pontuação de 90 pontos, seguido da Finlândia (88) e Singapura (84) e Nova Zelândia (83).

 Países com democracias frágeis ou regimes autoritários continuam a apresentar as piores classificações, demonstrando a forte correlação entre corrupção, falta de transparência e ausência de instituições democráticas robustas. Alguns países do Golfo Pérsico, como Bahrein, Omã e Arábia Saudita, registaram melhorias significativas, nomeadamente em resultado de implementação de reformas de governança e digitalização de processos públicos.

 Com 64 pontos de pontuação média, a Região da Europa Ocidental e União Europeia continua a ser a mais bem pontuada no ranking . No entanto, em 2024 esta região apresenta cerca de 1/3 dos seus 31 países com reduções de pontuação iguais ou superiores a 3, refletindo uma degradação generalizada das pontuações nos países europeus, pelo segundo ano consecutivo, e onde apenas Islândia, Eslovénia, Luxemburgo e Chipre se destacam pela positiva. Malta e Eslováquia, com –5 pontos, foram os países da região com maior degradação na sua pontuação. Portugal é um dos 5 países com quedas de 4 pontos.

 Registe-se o retrocesso em grandes economias europeias, como França (-4 pontos), Alemanha (-3 pontos), Espanha (-4 pontos) e Itália (-2 pontos), evidenciam falhas nos mecanismos de integridade e aplicação da lei. Salienta-se a existência de desafios na transparência de contratos públicos, onde continuam a surgir casos de favoritismo e corrupção em grandes projetos de infraestrutura. A queda de vários países europeus é também atribuída a desafios na implementação de medidas anticorrupção e na fiscalização de crimes financeiros e empresariais.

Em face da forte sensibilidade do ranking relativo à pontuação, pela existência de muitos países com pontuações semelhantes, a queda de 4 pontos na pontuação de países como Portugal e Espanha , traduziram-se em downgrade de 9 e 10 posições no ranking, respetivamente. De realçar o caso italiano onde uma perda de 2 pontos deu lugar a um downgrade de 10 posições. Espanha e Itália, com 56 e 54 pontos, continuam a ocupar uma posição no ranking pior que Portugal, 46ª e 52º, respetivamente.

Recomendações da TI Portugal para melhorar a reputação internacional do nosso país no combate à corrupção

Apesar da adoção de novas leis anticorrupção nos últimos anos, como o Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC) e a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção, Portugal continua a enfrentar desafios estruturais significativos:

  • Falta de clareza e compromisso político: a estratégia anticorrupção carece de metas concretas, convicção e empenho político, resultando numa implementação tardia e ineficaz.
  • Baixa eficácia na aplicação das leis anticorrupção: os processos judiciais são excessivamente demorados, frustrando as expectativas dos cidadãos e revelando fragilidades na condução justa e célere da justiça.
  • Recursos insuficientes nas entidades de fiscalização: a falta de meios humanos e financeiros compromete a capacidade de monitorização, punição de infrações e atuação eficaz, gerando desconfiança na sociedade quanto à real utilidade dessas instituições.
  • Ausência de regulamentação do lobbying: Portugal continua sem um quadro legal específico para a representação de interesses, ao contrário de vários países europeus. Essa lacuna prejudica a transparência, a qualidade do processo legislativo e a confiança na tomada de decisões públicas.
  • Deficiências na declaração de património e rendimentos de políticos: a Entidade para a Transparência, criada em 2019, apenas começou a operar efetivamente em 2024, tendo ainda um longo percurso para ganhar a confiança da sociedade civil e de organismos internacionais.

A TI Portugal, apesar dos desafios relacionados com a limitação de recursos humanos e financeiros, tem mantido uma atuação persistente na advocacia e sensibilização junto dos principais agentes políticos para reforçar os mecanismos de transparência e combate à corrupção. Em 2024, entre outros, a TI Portugal:

Ao apresentar os resultados deste Índice, a TI Portugal salienta as seguintes áreas de ação prioritária para reforçar a transparência e recuperar a posição e credibilidade de Portugal no contexto internacional da luta contra a corrupção:

  • É essencial fortalecer a implementação da estratégia nacional anticorrupção, garantindo não apenas a identificação e correção das falhas que persistem até hoje, mas também a definição de metas objetivas e métricas claras que permitam avaliar progressos anuais até 2030, alinhadas com recomendações internacionais.
  • As entidades responsáveis pelo combate à corrupção, como a Entidade para a Transparência e o MENAC, devem ser reforçadas com recursos financeiros e autonomia orçamental adequados, permitindo-lhes atuar de forma eficaz e independente no cumprimento da sua missão.
  • Portugal deve ainda aprovar legislação específica para o lobbying, seguindo as melhores práticas internacionais. A criação de um Registo de Transparência da Representação de Interesses e a obrigatoriedade de publicação de pedidos de escusa por parte de membros do governo devido a conflitos de interesse são passos fundamentais para garantir maior transparência na tomada de decisões políticas.
  • No setor judicial, é urgente reforçar a eficácia da aplicação da lei no combate à corrupção. Para isso, o país deve adotar um novo quadro legal e operacional que permita acelerar investigações e julgamentos de crimes económico-financeiros, eliminando a complexidade dos megaprocessos, combatendo expedientes dilatórios e reduzindo o risco de prescrição por atrasos processuais.
  • A transparência na administração pública também precisa de melhorias significativas. O desenvolvimento de ferramentas digitais acessíveis à sociedade civil permitirá um escrutínio independente e informado sobre o funcionamento das instituições públicas, promovendo uma cultura de responsabilização.
  • Por fim, o controlo de património e rendimentos dos políticos deve ser mais rigoroso. Para evitar conflitos de interesse e garantir uma administração pública íntegra, é essencial fortalecer o regime de impedimentos, aumentar a transparência nos critérios de seleção para cargos públicos e combater o fenómeno das “portas giratórias” entre setores políticos e privados.
"Portugal deve encarar os resultados do CPI 2024 como um alerta e uma responsabilidade. Um alerta para a urgência de fortalecer a transparência e o combate à corrupção, e uma responsabilidade para garantir a implementação eficaz de medidas que consolidem uma governação mais íntegra e eficiente. Não basta legislar – é preciso agir com determinação e alcançar resultados concretos. O mundo está de olhos em nós. A responsabilidade é coletiva e, sem exigência e vontade, Portugal perderá. Os nossos filhos não nos perdoarão."
Jorge Máximo
Vogal da Direção da TI Portugal
Metodologia do cpi 2024

A corrupção compreende habitualmente atividades ilegais, que são deliberadamente ocultadas e só vêm à tona através de escândalos, investigações ou processos judiciais. Embora o trabalho de investigação desenvolvido pela Academia, ONGs anti-corrupção e Governos tenha traduzido ganhos significativos em termos de medição objetiva da corrupção em setores específicos, até ao momento não há nenhum indicador que consiga medir a corrupção a nível nacional de forma objetiva, direta e exaustiva.

E é por isso que o CPI se baseia nas opiniões informadas de stakeholders relevantes sobre corrupção no setor público, geralmente correlacionadas com indicadores objetivos, por exemplo as experiências individuais dos cidadãos com o suborno, tal como é capturado pelo Global Corruption Barometer, também desenvolvido pela Transparency International.

A corrupção é notoriamente difícil de medir de forma objetiva. Não existem estatísticas oficiais fiáveis e abrangentes que permitam medir a corrupção em todos os países de forma consistente. Há três razões principais para isto: Ausência de dados universais; Corrupção oculta; Riscos de manipulação. Dado este cenário, o CPI baseia-se na perceção de especialistas que avaliam regularmente os níveis de corrupção nos países. Estes especialistas analisam aspetos como a eficácia das instituições, a independência da justiça e a aplicação das leis anticorrupção.

O CPI não se baseia numa única fonte, mas sim em 13 fontes independentes, o que permite uma visão mais equilibrada da corrupção. A Transparency International segue um rigoroso processo de controlo de qualidade para garantir a fiabilidade do CPI, o qual é e é calculado de forma independente por quatro investigadores (dois da Transparency International e dois especialistas externos sem ligação à organização).

O Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia realizou auditorias metodológicas ao CPI em 2014 e 2017, certificando que o índice segue um modelo estatístico e conceitual robusto e coerente.

Embora a perceção do público sobre a corrupção seja um fator relevante, a sua medição enfrentaria desafios práticos e metodológicos, nomeadamente a complexidade e capacidade de recolha de dados de opinião pública a nível global; o facto de muitas pessoas poderem não se sentir seguras para expressar livremente opiniões sobre corrupção, enviesando os resultados.

A Transparency International conduz estudos de opinião pública através do Global Corruption Barometer. No entanto, este índice é analisado apenas de forma regional e não possível ser assegurado com recorrência anual.

O CPI avalia exclusivamente a corrupção no setor público porque incluir corrupção no setor privado poderia comprometer a consistência dos resultados. Estudos conduzidos pelo Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia demonstraram que indicadores de corrupção pública e privada podem ter correlações opostas, tornando difícil a criação de um índice equilibrado.

A pontuação de cada país é uma calculada a partir de, pelo menos, três fontes de dados extraídas de 13 diferentes inquéritos e avaliações de corrupção. Estas fontes de dados são recolhidas por uma variedade de instituições internacionais, como o Banco Mundial e o Fórum Económico Mundial.

As pontuações do Índice de Perceção da Corrupção não refletem a opinião da Transparency International Portugal, da Transparency International ou dos seus colaboradores.

Como cada uma das 13 fontes de dados utiliza uma escala diferente, são primeiro convertidas num valor normalizado numa escala de 0-100. Depois é calculada a pontuação média simples e não ponderada para cada país.

O Índice de Perceção da Corrupção é a principal medida de corrupção do setor público a nível mundial. Como combina diferentes manifestações de corrupção num indicador globalmente comparável, fornece uma imagem mais abrangente da situação num determinado país do que cada fonte considerada separadamente.

O processo de cálculo do Índice de Perceção da Corrupção é revisto regularmente para garantir que é tão robusto e coerente quanto possível. A mais recente atualização foi feita pelo Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia em 2017.

Para mais detalhes sobre as fontes de dados, o tipo de inquiridos e as perguntas específicas feitas, descarrega o pacote informativo completo relativo a 2023.

A posição de um país no ranking depende não só da sua pontuação, mas também das alterações na pontuação de outros países. Assim, um país pode melhorar a sua pontuação, mas descer no ranking caso outros países tenham registado melhorias mais significativas.

Por este motivo, a Transparency International dá maior ênfase à pontuação do CPI (0-100), pois esta reflete diretamente os níveis de corrupção percebidos dentro de um país.

Estas são as 13 fontes de informação utilizadas para elaborar o Índice de Perceção da Corrupção 2023:

1. African Development Bank Country Policy and Institutional Assessment 2023
2. Bertelsmann Stiftung Sustainable Governance Indicators 2024
3. Bertelsmann Stiftung Transformation Index 2024
4. Economist Intelligence Unit Country Risk Service 2024
5. Freedom House Nations in Transit 2024
6. Global Insight Country Risk Ratings 2023
7. IMD World Competitiveness Center World Competitiveness Yearbook
Executive Opinion Survey 2024
8. Political and Economic Risk Consultancy Asian Intelligence 2024
9. The PRS Group International Country Risk Guide 2024
10. World Bank Country Policy and Institutional Assessment 2023
11. World Economic Forum Executive Opinion Survey 2024
12. World Justice Project Rule of Law Index Expert Survey 2024
13. Varieties of Democracy (V-Dem v. 13) 2023

A pontuação de um país é o nível percecionado de corrupção do setor público numa escala de 0-100, onde 0 significa altamente corrupto e 100 significa muito transparente.

A classificação de um país é a sua posição em relação aos outros países no índice. As classificações podem mudar apenas se o número de países incluídos no índice mudar.

A classificação não é, portanto, tão importante como a pontuação em termos de indicação do nível de corrupção nesse país.

Não. Além de estar restrito a 180 países, o CPI é um indicador da perceção da corrupção no setor público, ou seja, a corrupção administrativa e política. Não mede os níveis de corrupção de nações ou sociedades inteiras, ou das suas políticas, ou das atividades do setor privado.

Para que possa ser classificado, cada país/ território tem de estar igualmente listado em pelo menos 3 das fontes de informação utilizadas para compor o índice.

Pelo facto de não constar no índice não significa que um dado país esteja livre de corrupção; simplesmente não foi possível agregar os dados necessários para poder classificá-lo.

O Índice de Perceção da Corrupção é um indicador global muito útil, mas está limitado às perceções dos peritos e dos empresários sobre a corrupção no setor público.

Produzimos tipos complementares de investigação sobre corrupção, tanto a nível global como através da nossa rede de capítulos nacionais com base em mais de 100 países em todo o mundo.

Por exemplo, se estiveres interessado em ler sobre como as pessoas de um país experimentam a corrupção, o nosso trabalho através do Barómetro Global da Corrupção será o mais indicado. É o único inquérito à opinião pública mundial sobre corrupção.

Se quiseres ir além das fronteiras nacionais para ver como os países se estão a sair na luta contra a corrupção no comércio internacional, podes explorar o nosso relatório bienal Exporting Corruption Report.

As fontes de dados utilizadas para compilar o CPI 2023 abrangem especificamente as seguintes manifestações de corrupção no setor público:

  • Suborno
  • Desvio de fundos públicos
  • Funcionários que utilizam o seu cargo público para benefício próprio sem enfrentar consequências
  • Capacidade dos governos para conter a corrupção no setor público
  • Excesso de burocracia no setor público que pode aumentar as oportunidades de corrupção
  • Nomeações nepotísticas na função pública
  • Leis que asseguram que os funcionários públicos devem revelar as suas finanças e potenciais conflitos de interesses
  • Proteção legal para pessoas que denunciam casos de suborno e corrupção
  • Captura do Estado por interesses particulares
  • Acesso à informação sobre assuntos públicos/atividades governamentais.

De fora do Índice de Perceção de Corrupção ficam:

  • Perceções ou experiências de corrupção dos cidadãos
  • Fraude fiscal
  • Fluxos financeiros ilícitos
  • Facilitadores de corrupção (advogados, contabilistas, consultores financeiros, etc.)
  • Branqueamento de capitais
  • Corrupção no setor privado
  • Economias e mercados informais

Pequenas flutuações ou mudanças na pontuação do Índice de Perceção da Corrupção de um país não são normalmente significativas, razão pela qual, todos os anos, na tabela completa de resultados, a Transparency International marca todos os países que sofreram uma mudança “estatisticamente significativa”. Esta é uma mudança que se reflete na maioria das fontes de dados subjacentes ao Índice de Perceção da Corrupção.

Quando apenas algumas fontes de dados registam uma mudança, isto significa que ainda não é claro se a corrupção do setor público subiu ou desceu nesse país.

Nenhum país alcançou uma pontuação perfeita de 100 no CPI 2023, pelo que todos os países têm margem para melhorar. A pontuação pode ter descido porque os desenvolvimentos ocorreram demasiado recentemente para serem incorporados nos períodos de recolha de dados das fontes deste ano ou porque esse país ainda tem um trabalho significativo a fazer noutras áreas.

É igualmente importante recordar que a aprovação de novas leis e regulamentos ou a criação de novas agências não se traduzem automaticamente num melhor combate e controlo da corrupção. Em muitos países existe ainda um grande desfasamento entre o que a lei diz e a sua aplicação, incluindo a forma como as políticas funcionam ou os serviços são prestados.

Há uma série de razões para que a pontuação de um país aumente apesar de haver um crescimento de denúncias de casos de corrupção. Dada a sua natureza, a corrupção pode levar um ou mais anos a ser refletida num Índice de Perceção de Corrupção e nas suas fontes de informação.

Alguns desenvolvimentos positivos no controlo da corrupção do setor público podem ser capturados, equilibrando estes casos negativos.

Alguns tipos de corrupção, tais como o branqueamento de capitais ou a corrupção no comércio internacional, não são medidos no Índice de Perceção da Corrupção.

A pontuação do CPI não reflete apenas a ocorrência de escândalos, mas sim a perceção global sobre a corrupção sistémica e a eficácia do combate à corrupção. Em alguns casos, um escândalo pode até demonstrar que as instituições anticorrupção estão a funcionar e a responsabilizar os culpados, o que pode não impactar negativamente a perceção geral.

A criação de novas leis ou instituições anticorrupção não garante automaticamente uma melhoria na perceção da corrupção. Para que estas medidas tenham impacto no CPI, é essencial que sejam: Implementadas de forma eficaz; dotadas de recursos adequados; aplicadas de maneira imparcial e com resultados concretos. A mera existência de legislação anticorrupção sem a sua aplicação efetiva pode levar à perceção de que a corrupção continua a ser um problema.

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