10 anos de Transparência e Integridade: Bem-vindos ao segundo ciclo!

A Transparência e Integridade celebra o seu décimo aniversário a 17 de Setembro. Calha bem que a data coincida com o regresso às aulas: 10 anos é a idade de entrarmos no segundo ciclo.

Há dez anos – a 17 de setembro de 2010 – numa cerimónia pública no Instituto de Ciências Sociais, em Lisboa, nascia a Transparência e Integridade, uma associação cívica criada para reunir numa causa comum as (então poucas) vozes que isoladamente vinham alertando para a necessidade e urgência do combate à corrupção em Portugal.

Dez anos passados, somos em muitos aspetos um país diferente. Onde há uma década o tema da corrupção era praticamente tabu – sussurrado em alguns círculos políticos, judiciais e académicos mas quase nada discutido abertamente – hoje é reconhecido pelos cidadãos como um dos problemas cruciais da democracia. Investigações de enorme relevância trouxeram o tema para o centro da discussão pública e envolveram membros da elite política e económica que há dez anos pareceriam intocáveis – de grandes banqueiros até um ex-primeiro-ministro.

Noutros aspetos, parece que nada mudou. A última década, como a anterior, foi de estagnação económica, num país ainda sobrecarregado de casos de corrupção que custam, segundo um estudo do Parlamento Europeu, mais de 18 mil milhões de euros por ano.

O tema saiu da clandestinidade e é hoje central na discussão pública. O Governo acaba de publicar o esboço de uma Estratégia Nacional Contra a Corrupção em resposta à crescente pressão pública – e a própria Transparência e Integridade colocou o assunto na agenda do Parlamento, através de uma petição que quer responsabilizar os decisores por reformas reais.

Este ano, com as incertezas provocadas pela pandemia, as aulas recomeçam por alturas do nosso aniversário. É uma coincidência engraçada: 10 anos é a idade em que passamos para o segundo ciclo escolar. Também na Transparência e Integridade vamos entrar no nosso segundo ciclo. Porque teremos eleições em breve para os novos corpos sociais, mas também porque estamos a entrar – com a pandemia e o programa de recuperação que aí vem – numa nova fase da vida do país, com novos riscos de má gestão, de desperdício e de corrupção. Há muito trabalho pela frente.

Com tudo o que foi feito e com tudo o que falta fazer, estes dez anos merecem ser celebrados. Com distanciamento físico mas proximidade de propósito, vamos festejar fazendo o que sempre fizemos: estudando e pensando o fenómeno da corrupção, discutindo-o com frontalidade e abertura, convocando todos a contribuir.