A questão da manipulação de resultados desportivos, também conhecida por Match-fixing, tornou-se mediática nos últimos dias: quatro jogadores do Rio Ave foram constituídos arguidos por alegadamente terem recebido dinheiro para perder o jogo frente ao Feirense na época 2016-2017.

Neste caso, os mecanismos de alerta funcionaram e as apostas no Placard foram suspensas devido a uma aposta que rondaria os 100 mil euros, proveniente de um país asiático.

A manipulação de resultados desportivos há muito que deixou de ser (apenas) um problema do futebol, em particular, e do desporto, no geral. É um problema de crime organizado que merece a atenção de todos os sectores da sociedade. Quem o afirma é a Organização das Nações Unidas.

Nos últimos anos, a Comissão Europeia, organizações internacionais de Polícia, como a Interpol e a Europol, bem como organizações desportivas com destaque para o Comité Olímpico Internacional, a FIFA e a UEFA, têm desenvolvido programas de prevenção, formação e capacitação para ajudar a resolver um problema que levou o Conselho da Europa a lançar a Convenção sobre a Manipulação das Competições Desportivas, (Convenção Macolin). Portugal, juntamente com a Ucrânia e a Noruega, foi um dos primeiros três países a ratifica-la.

Esta convenção procura melhorar e aumentar a troca de informações, cooperação e coordenação entre organizações desportivas, operadores de apostas e autoridades públicas através da criação de uma plataforma nacional de interação prática, no entanto, como vem sendo denunciado pela Transparency International, ainda faz falta uma abordagem estratégica capaz de combater eficazmente a manipulação de resultados.

A Transparência e Integridade trabalha de forma sistemática pela proteção dos valores de fair play, integridade e desportivismo. Em 2014 apresentámos o relatório sobre a manipulação de resultados desportivos no futebol português e, desde Janeiro de 2017, estamos a implementar o projeto Anti Match-Fixing Top Training, financiado pela Comissão Europeia, e desenvolvido em parceria com outras oito organizações europeias.

A análise estado da arte após a assinatura desta convenção, escrita pelo investigador Marcelo Moriconi Bezerra (CEI-ISCTE), já se encontra finalizada, e pode ser lida aqui.

 

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