Portugal desce três lugares no Índice de Perceção da Corrupção 2020, registando a pontuação mais baixa desde 2012

Portugal perdeu três lugares no Índice de Perceção da Corrupção (CPI) de 2020, publicado hoje pela Transparency International. Com 61 pontos, a pontuação mais baixa de sempre, o país está agora na posição 33, bastante abaixo dos valores médios da Europa ocidental e da União Europeia, fixados em 66 pontos.

“Ao longo dos últimos dez anos pouco ou nada tem sido feito pelo combate à corrupção em Portugal, e os resultados do CPI são expressão dessa deriva. Os sucessivos governos, e a classe política no geral, olham para este flagelo como uma coisa menor, sem cuidar de perceber que o desenho e implementação de uma estratégia capaz de prevenir e combater eficazmente a corrupção é determinante para o presente e o futuro do nosso país, e em particular em contexto de crise pandémica” – Susana Coroado, Presidente da Transparencia e Integridade (TI-PT)

O Índice de Perceção da Corrupção (CPI) é a mais antiga e abrangente ferramenta de medição da corrupção no mundo, analisando os níveis de corrupção no setor público de 180 países, pontuando-os de 0 (percecionado como muito corrupto) a 100 (muito transparente). Dinamarca e Nova Zelândia continuam no topo da tabela de 2020, com 88 pontos, seguidas da Finlândia e Singapura, com 85. Nas posições mais baixas estão este ano a Síria, com 14 pontos, e a Somália e o Sudão do Sul, ambos com 12 pontos.

Desde 2012 que Portugal regista variações anuais mínimas. A pesquisa da Transparency Internacional demonstra que os países menos equipados para lidar com crises, como a pandemia COVID-19, são precisamente aqueles que apresentam as pontuações mais baixas.

Em ano de pandemia COVID-19, os resultados do CPI2020 são reveladores do impacto da corrupção nos sistemas de saúde e de proteção social, nos processos democráticos e no respeito pelos direitos humanos. Os países com bom desempenho no índice são aqueles que mais investem em saúde, e também aqueles onde há menor propensão para se violarem as normas e instituições democráticas ou o estado de direito.

“A COVID-19 não é apenas uma crise económica e sanitária. É uma crise de corrupção. E é uma crise que não estamos a conseguir gerir. O ano passado colocou governos à prova como nunca e os países com níveis mais elevados de corrupção têm sido menos capazes de enfrentar este desafio. Mas mesmo aqueles que estão no topo do CPI devem abordar urgentemente o seu papel na perpetuação da corrupção a nível interno e externo”, diz Delia Ferreira Rubio, presidente da Transparency International.

Consulta a página dedica ao CPI2020 e lê o relatório da Transparency International com os resultados globais.