Esta semana, as autoridades fizeram buscas a pessoas e instituições ligadas ao Benfica, no âmbito de uma investigação em curso sobre suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais. Estamos naturalmente longe de saber se os crimes se confirmam e quem serão os responsáveis. No entanto, tornaram-se infelizmente rotineiras notícias de suspeitas de corrupção e crimes conexos relacionados com o desporto. De tal forma se têm avolumado suspeitas que o Ministério Público criou uma equipa especializada para investigar eventuais crimes relacionados com o futebol.

Quando um determinado setor se torna fértil a suspeitas (que em Portugal atingem vários clubes, da I Liga e das ligas inferiores), não é apenas um problema da conduta individual de alguns agentes. É o sistema que não se revela são e eficaz na prevenção de riscos. É a estrutura de governança que está fragilizada. Essas fragilidades não são novidade. Identificámos vários dos riscos de corrupção no futebol português em 2014, quando o problema não tinha a dimensão pública que hoje atingiu. A inação em levar a sério os alertas fez com que perdêssemos tempo na aplicação das soluções.

Não está em causa um clube ou o outro. É todo o sistema de integridade desportiva que precisa de ser reforçado. É nisso que estamos a trabalhar, fazendo parcerias com responsáveis das várias modalidades e com o sistema desportivo português, para apetrecharmos quem está no terreno a identificar os riscos e prevenir a corrupção antes que ela aconteça. Trata-se de defender o jogo limpo!

Foto: www,playthegame.org